agosto 19, 2012

Armas e escudos


   Abotoei os botões da camisa e junto com eles, todo o meu orgulho, juntei tudo o que tinha, sufoquei-os o quanto coube. Guardei como escudo tudo o que aprendi vivendo e convivendo, as decepções, mágoas, todas bem presas pela camisa totalmente abotoada. Ergui a cabeça. Seja forte, pensei. Talvez ninguém merecesse ver meus olhos desfocados, meu sorriso ofuscado e as marcas de lágrimas preenchendo todo o rosto. Uma maquiagem, uma água fria, nada poderia resolver. Assim como outra pessoa não poderia substituir aquele que se foi.
   Não era fácil ter que sair e lidar com as pedras e pessoas que eu pudesse encontrar, mas que seja, ninguém nunca me disse que algo nessa vida seria fácil e eu já estava acostumada, então... O que mais eu deveria temer? Um tropeço, uma queda, um fantasma? Seja forte. Dessa vez, perdida no mundo, recebendo olhares mais uma vez, sentindo as palavras sendo atacadas, e eu não poderia simplesmente fechar os olhos e fugir. Não era um lugar só meu. Por um momento pedi a Deus baixinho que me trouxesse você de volta. Se estivesse no meu lado naquele instante, eu teria agarrado a sua mão e apertado bem forte para simplesmente aguentar e seguir com o meu caminho.
   Dizer que não se importa com o que os outros vão pensar, parece uma boa maneira de ser hipócrita enquanto tenta fingir um sorriso. Então digo, eu realmente me importava e assim, deixava de ser livre.

Flávia Andrade

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