outubro 23, 2013

Aquela tarde

   Vi-te naquele veículo mortal que encaminha minha vida ao precipício. Vi-te naqueles olhos nos olhos de quem vem remoçando, enquanto minhas lágrimas derramando entregavam-me a ti mais imatura desde os anos que se passaram e não nos falamos. Eu não conseguia conter meu olhar correndo ávido ao teu encontro e me decepcionava profundamente a cada segundo que via em seu sorriso a pouca diferença que agora faço. Sinto-me um trapo rejeitado pela máquina de costurar, um saco de lixo caído do caminhão. Eu acreditava há alguns anos que éramos uma pessoa só como em poesias romancistas, eu tinha uma percepção literária sobre o que éramos. Nós não éramos nós, éramos laços, fitas envolvidas e coloridas, linhas para se escrever e pregar retalhos. Agora somos... O que somos? Eu pensava que ainda me conhecia, mas você roubou todas as minhas certezas. Não sei quem sou e meu coração despedaçado só permite que meus olhos enxerguem a criatura má que há em ti. Vi-te naquela tarde e suas últimas palavras repassavam em minha mente e doíam como o fogo do inferno. O destino final nunca chegava e meu coração ardia e chorava. Eu me sufocava enquanto você me matava, havia tanta dor e você simplesmente não percebeu.

Flávia Andrade

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