setembro 01, 2014

Olá, setembro

Outro início de mês. Acordo tarde, rejeito café como venho rejeitando álcool há uns dias, coisas velhas estão maçantes. Ouço uma conversa no ônibus, a velha com cheiro de cigarro diz que vai largar o vício e a outra, que pouco se importa, diz que é charme, que ela fumará um maço na primeira oportunidade. Sinto que por todos os lados do veículo os assuntos giram em torno de um só: setembro.
As pessoas me forçam a pensar em mudança, mas não quero mais mentir. Em janeiro eu não me importaria com o que os outros dizem, em fevereiro prometi que não me estressaria por coisa pouca, em março eu não ligaria, em abril não mandaria mensagens, em maio não criaria mais expectativas, em junho não ficaria vagando por aí esperando encontrar alguém, em julho não choraria mais, em agosto eu iria superar. Fiz tudo ao contrário e errado, acumulei promessas não pagas e falsos recomeços. Pensei: para setembro não quero nada. Mas já penso no que fazer amanhã, em como lidar com um diálogo e um encontro que ainda não aconteceu. 
As pessoas pensam tanto no futuro e sufocam o presente. Eu vou junto, mas trago todo o passado comigo, não sei deixar nada para trás. 
Volto para tomar café, sei o número de cor, não lembro mais o que planejei dizer, e não sei se ainda tenho rancor daquele alguém. Desisto de planejar, penso: o dia vai virar, eu estarei onde pertenço e ninguém sabe o que pode acontecer, eu não controlo nada, não sei manipular. Então vou observar o céu e seja o que setembro quiser.

Flávia Andrade

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