janeiro 05, 2015

O Sossego do Sufoco

    Quando você se desprende de uma relação que foi capaz de te virar do avesso, colocar o coração pulsante para fora gritando por alguém, o que você precisa depois? Digo, depois de tudo, das lágrimas, dos porres, das ligações que não deveriam ter sido realizadas, dos porres novamente, dos dias inteiros na cama desperdiçando vida, da vontade de desistir de tudo, o que você precisa depois? Um amor que renove. Outra relação. Mas que essa segunda, seja o oposto da primeira sem deixar de fazer estrago – e esperamos que o estrago seja positivo.
    O que acontece quando você encontra um amor que, de repente, te rouba e você não sabe mais viver sem, mas sempre te deixa oscilando, não te faz arriscar nada, é café com leite? O que acontece quando você tem e sequer pode reclamar? Aquele amor que você pensa: ou é por ele, ou por mais ninguém. É aquilo que convém no momento, mas não é completo, não te sufoca por inteiro. E se nessa vontade toda de algo a mais você começa a perceber que gosta mais do amor que te faz sofrer? Pois aquele que te mantém segura não causa sentimento exagerado algum.
    Você está lá e tem uns mínimos ataques de ciúmes, mas nada que dê oportunidade ao surto. E se seu amor é extremamente paciente? E se você gosta de quem parece carga explosiva? E se, em alguns pensamentos inevitáveis você reflete que precisa do que é errado, daquela ideia perversa de não estar na lei, ou apenas quebrar tabus? Sabe, no meio das comparações você percebe que só precisa ter alguém que mostre lugares que você nunca iria sozinha, que seja o que falta, não para te completar, mas para te fazer dizer: eu vivo, e vivo muito bem, obrigada. E que sobre esse amor você não possa contar para ninguém os detalhes sórdidos.


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