fevereiro 19, 2015

Devaneios



    Enquanto você fala tanta coisa sobre sua própria vida, eu apenas observo a extensão entre sua boca e pescoço, as palavras meigas se escondendo na barba e as firmes saindo em um tom de voz mais forte. Eu memorizo o jeito que você me olha enquanto conta uma história e presto atenção se alguém ao redor também está ouvindo, assim vou me perdendo enquanto você se encontra dentro das lembranças pessoais que quer compartilhar comigo. 
    Enquanto você reclama do dia, só penso em uma maneira de pedir para gastar o resto da semana, talvez ano e vida ao meu lado. Mas não peço. Eu tenho tanta bobagem para dizer em resposta às suas confissões banais, mas seguro o riso e finjo que ouço atenta.
    Vou me afundando cada vez mais na sua voz que não se cala e eu gosto. Eu posso te dar um livro de poesias com mais de quinhentas páginas pra você ler pra mim? Posso te fazer recitar uma peça inteira na minha frente? Desculpa, eu só quero ouvir e pouco me importo se não se sair tão bem.
Eu me perderia nos seus olhos também, mas você os tira da minha direção, o chão rouba cada olhar.       Eu colocaria meus braços ao seu redor e não soltaria mais, digo, nunca mais. Eu trancaria a porta, chutaria a chave para fora por entre a madeira e o piso, eu faria você ficar. Eu contaria os sonhos que não fizeram sentido, mas que gostei.
     Enquanto você fala, elaboro planos. Desculpa se eu concordar sobre qualquer coisa dita, acho que me perdi logo que você chegou.


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