março 27, 2015

Ficção Realística


    O espectador está sentado no sofá e assiste a um filme de terror. O suspense está acontecendo na tela, a música assombrosa ficando mais alta. Ele encolhe os pés para cima do móvel e para baixo do cobertor. Todo o contexto cinematográfico avisa, implícito, que o pior vai acontecer. A agonia percorre o corpo de quem assiste enquanto a raiva percorre o personagem que se direciona para outro cômodo. Na sala ninguém se move. Um grito estridente penetra os ouvidos medrosos e com o som o espectador leva a mão direita aos olhos. Escuridão. Gritos inquietantes: a cena está acontecendo, é o ápice da trama. Enquanto a mão tapa os olhos o roteiro, o trabalho de direção e atuação são desperdiçados. É retirada dos cômodos a essência do horrendo. Silêncio. Ele tira a mão dos olhos, o filme vai bem, acabou o momento de terror, acabou a maravilhosidade do medo. Para o espectador o fim do filme foi em vão, ele ainda sente outros medos.

Flávia Andrade

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