abril 04, 2015

Prazer Feminino


    Eu me sentia segura até receber olhares doentios em ruas escuras e vazias e precisar acelerar meus passos. Até começar a ouvir que minhas melhores roupas precisariam ficar no fundo da gaveta caso eu não quisesse ser vítima de abusos sexuais. Até ter que repreender desejos e esconder bons acontecimentos. Eu me sentia bonita até receber um catálogo de estereótipos e não me encaixar em nenhum, até precisar usar fitas métricas, balanças e remédios para me adequar. Eu costumava ter mais coragem na vida antes de tantos comentários apontando minha inferioridade por ser mulher. Eu listaria tantas outras coisas que me levaram a um medo doloroso de agir como bem me agradava e repetiria todos os comentários de repreensão, mas antes disso - e talvez eu nem os liste, eu tenho uma coisa nova a dizer: eu não gostava de correr riscos até enxergar no mundo um movimento retrógrado e precisar correr na contramão para manter minha liberdade. Eu me arrisco todos os dias quando faço o que amo, quando falo o que penso, quando luto pelo o que quero, quando satisfaço meus desejos. E o prazer do risco não deixa que eu desista de ser o que sou.

Flávia Andrade

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