junho 16, 2015

O que fica


    Não recordo datas, se foi fevereiro ou março, se em agosto já tinha terminado, se começou em setembro ou outubro. Não sei se você me fez chorar numa segunda-feira ou em um sábado, se eu sofri até domingo ou se parei na sexta. Tudo parece coincidir com o dia vinte e seis, mas talvez dia três você tenha dito alguma coisa importante. Se era de manhã ou a noite, se me pegou desprevenida em alguma tarde, não posso mais lembrar. Nem faz tanto tempo, mas o esforço para esquecer foi grande. E não importa, nada disso mudaria. Eu poderia tentar lembrar e encontrar sentidos, poderia juntar os acontecimentos do ano, o clima e as tragédias próximas para justificar os dias ruins. Mas eu sei que no fim a gente só pensou na gente, só sentiu o que poderia sentir um pelo o outro. O que estava ao redor era inexistente. As datas estão distantes, os dias só foram dias. Eu fico aqui sem noção de tempo, sem consciência de estado emocional, sem saber para onde vou, eu fico aqui e ainda sinto muito, sinto tudo. O tempo passa, o amor permanece. Ele se desconstrói, vira outros sentimentos, mas ainda lembro bem do quanto amei.

Flávia Andrade

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