agosto 05, 2015

Sigo só


    Sigo só. O dia acabou, meu bem, e você não apareceu. Não passou por essa rua, não contou as horas, não lembrou do convite feito e aceito. Para mim, foi um vasto dia de espera. Eu pensei em ir até você e descobrir seus motivos inventados e tentar acreditar em algum. Até pensei em refazer o convite para uma data menos tumultuada que essa terça-feira. Mas minhas pernas ficaram exaustas pela inquietude que me fez rodar em círculos te esperando vir de qualquer lado do planeta para me ver. Sigo só. De mim não espero nada, sou feita por erros e erros nunca são planos. Então sigo sem ansiedade, sigo porque já escureceu e não posso ficar mais horas por aqui. Cada hora de espera física são mil horas de confusões internas e mentais, guerras de silêncio e gritos na cabeça. De longe, espero que não fique só. Seja em qualquer lugar que esteja sem mim, pois eu sei bem como dói, cansa e dá sede. Sei bem como incomoda, irrita e bate medo. Sei bem como é desesperador e como é preciso manter disfarce de calmaria. Sigo só, para você se encher de todas as outras coisas ou pessoas que não te deixaram chegar até aqui.


Flavia Andrade

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