setembro 01, 2015

choro contid(g)o

    vejo seus lábios se estreitarem, fechadinhos, deixando as bochechas mais cheias, numa mordida escondida meio de lado. os olhos ficam marejados, tem um mini rio em cada um. vejo o resto do corpo ficar parado, na minha frente, esperando por um vento que te empurre pra longe, por uma mão que te puxe, por alguém que te busque, mas eu também não consigo me mover daqui. vejo a gente sem lugar pra ir, sem sono e com esses choros presos como o seu cabelo: curto, com umas amarrações no alto e várias pontas escapando por todos os lados. se você deixar sua tristeza escapar, eu deixo a minha ir também. se por um acaso não for mais possível ficar aqui, se por um destino inventado qualquer você se jogar na frente de um carro, eu corro um pouco atrás, te socorro ou deixo me atropelar junto. porque, meu bem, eu 'tô nesse barco, nessa fria, nesse jogo, nessa vida, nesse mundo também. eu vejo sua história e leio a minha, elas se encontram em alguns parágrafos. te tiro pra dançar na balada triste das músicas obscuras, te faço rodar pras lágrimas voarem e molharem o chão, não sua roupa; disfarço suas fungadas com cafunés, entendo toda a dor no meio do jogo de luz preto e branco. vejo cada extensão trêmula do seu rosto, sinto tudo por dentro de mim tremer também, mas te digo que em breve vamos sorrir.

flávia andrade

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