setembro 07, 2015

Não é nada

    Eu fico incomodada. Por gostar tanto de você, acabo não vivendo. Não como eu era por inteiro, mas toda em pedaços. Eu sinto cada parte de mim indo para inúmeras direções na esperança de que alguma te encontre, para então eu me recompor ao seu lado. Mas você vai embora. Você chega, me faz feliz e vai embora. Não fica até os amanhãs, e todo amanhã sem você vira um ontem triste. Eu fico incomodada com a quantidade de coisas que sei sobre você. Tenho esse dom em decorar letras de músicas e decorar seus gestos, todos os seus sorrisos, os seus olhares e as manias. Os olhos que piscam muito rápido no meio da confusão, os pés que batem no chão por impaciência. Eu sei disso tudo e guardo aqui como se fosse meu, mas não sou nada sua. O cálculo não bate, você vê? Pergunta se estou bem, mas se eu disser que não estou... É só isso. Não estou e não vou ficar, porque você não vai me levar pra sua casa. Eu fico olhando assim meio de lado, querendo fugir, porque me incomoda o quanto penso em você. Penso por mais horas que existem em um dia, penso por mais tempo que os inventores gastam em suas ideias, penso por mais tempo que os desvendadores de enigmas. Enquanto isso, você anda por aí sem nem imaginar o enigma que é para mim. A angústia, o tumulto, o desespero que me causa. Você não sabe nada, e é por isso que essa é minha única resposta sempre. Se não pode sentir, não pode entender. Desculpa qualquer coisa, eu tento esconder bem que é pra não me causar danos. Os grandes danos de entregar tudo, não receber nada de volta e ficar só. Só e vazia.

Flavia Andrade

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