outubro 16, 2015

Artísticos.

    Seu riso de canto, torto, manso, me põe dentro de um filme mudo para cegos, no qual é preciso apenas sentir para assistir. As outras coisas, os objetos e as paisagens mais bonitas, ficam também de canto, tortas, mansas quando você está. Quietinhas, mas roubando a atenção como você faz. E olha bem pra mim, que sou outra arte qualquer sem nome e valor, que invado o centro a mil por hora em desespero sempre que te vejo, e tiro o tom da sua cena e me envergonho para o resto da plateia. Eu que não sei ter controle emocional, físico e tampouco mental; eu que tremo por trás das cortinas, eu que enlouqueço por trinta horas e só me acalmo com esse seu jeito particular de rir do que digo. Somos tanta arte que o abstrato e concreto se juntam, e o poeta parnasiano que passa pela gente elogia todo o nosso modernismo. Mas que coisa rara! Tão rara que reinventamos os nus artísticos e somos agora só nós. Nós artísticos.

Flávia Andrade

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