novembro 15, 2015

Mensagem

Acabo de escrever um novo texto sobre você. Recebo uma mensagem sua. Você quer saber se eu estou bem. Vê? São quatro novos parágrafos, sem introdução, tampouco conclusão. São palavras e palavras de desassossego, de sufoco, de saudade, e você me aparece numa tela querendo saber, supostamente, como eu estou. Eu poderia mandar todos esses textos de uma vez, eu poderia realizar uma ligação telefônica e narrar minhas prosas. Eu poderia mostrar minha loucura, esperando que você enlouquecesse também. Nunca fomos aptos à sobriedade, afinal. Contudo, eu fico aqui em completo silêncio, quase atravessando as paredes e muros, querendo desaparecer entre os tijolos e o cimento, desejando não ser. Não ser mais ninguém. Não ser essa que uma vez te conheceu e nunca soube como esquecer. Essa que não entende porque, entre tantas primeiras frases, a primeira frase que você disse a ela, essa garota que sou, é inesquecível, é uma voz renitente repetitiva na cabeça. São textos, são muitos, e mesmo assim, não superam a velocidade inquieta e frequência de pensamentos. Livros não poderiam superar. Um romance, uma auto-ficção, uma biografia, nada poderia superar. Porque eu penso demais em você, a cada minuto. Eu penso tudo o que você se poupa inconscientemente de pensar. Eu respondo a mensagem. "Sim, estou". E cada verbo, substantivo, adjetivo, vírgula e ponto final do meu último texto nega tudo, nega minhas duas únicas palavras, porque esse excesso não vem me fazendo bem nenhum. "E você?". Eu espero que esteja melhor que eu - perdida nesse desastre no qual me colocou.

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