novembro 03, 2015

Quase e por pouco


    Eu quase não te quis por um milésimo sequer de euforia, e quase me dispersei por completo dos seus lábios com outra coisa quase mais importante que o som discreto do seu riso. Foi por pouco. Se tivesse acontecido mais um bocado daquela cena maravilhosa brilhando nos meus olhos, só por mais alguns segundos, você me perderia. Eu penso nisso agora porque reconheço, admito, que quando estamos frente a frente, eu só sei te olhar. E voltar minha atenção a outro sentido é raro demais para mim, para nós. Eu vi a luz amarelada de um farol de carro se confundindo com a luz da lua, ainda baixinha e perto da gente, querendo aparecer por entre as árvores distantes. Fiquei estonteada. Fitei-as até o veículo sumir de vista, pedindo em prece que durasse mais um pouco. Mas que coisa mais bonita foi aquela! Eu quase me esqueci de você e do quanto gosto de te olhar com os cabelos bagunçados e barba por fazer. Até desejei rapidamente, confesso, que não olhasse também para onde eu olhava, apenas para que aquele momento fosse só meu. Como se uma estrela cadente passasse e somente eu pudesse fazer o pedido. Foi tão fugaz, assim como o egoísmo não duradouro, e te encarei de novo, com os olhos meio contentes, meio deprimidos. Eu não veria aquele encontro de luzes novamente, mas você sempre estaria ali e, para suprir meu último encantamento, eu continuaria sorrindo para cada contorno seu.

Flavia Andrade

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