junho 14, 2016

Perdoe minhas despedidas e receba meus sorrisos ao te ver voltar

Entre os móveis, o som chiado e o tsunami de pensamentos, fora de todo sossego, com um grito entalado na garganta e o choro preso à força, entre o dia que não começa e a semana que não termina: você.

Você à espreita de mim, cuidando-me cautelosamente — mesmo com os meus empurrões te afastando. Porque você sempre fica. Fica até quando eu digo adeus, quando a despedida é somente a batida da porta.

São as crises de ansiedade que me fazem construir muros, não sair da cama, me abrigar em cobertores por dias. São os despreparos emocionais que me provocam esses impulsos de partida, como se eu não pudesse merecer bem nenhum, como se eu não pudesse respirar fundo. O tumulto da minha mente me causa exaustão. E ao te ver, eu desejo não sentir nada disso, para não te fazer sentir também. De alguma forma, me isolar é tentar te proteger.

Nesses dias eu estou inquieta, andar em círculos já não basta, mais garrafas de vinhos já não bastam. E, por vezes, sua presença me incomoda por ser a prova viva de que não estou sozinha, nem querendo. Me incomoda ainda por, de sua maneira mais única, me fazer bem. Me incomoda porque assim eu não consigo ir embora, porque assim desfaço meus planos. Mas eu juro, de todos os incômodos, esse é o que pode me resgatar. Então, não me ouça quando digo que não te quero por perto.

A casa parece um cemitério de otimismos, de esperanças ou coisa que o valha. E depois de dezoito horas com o telefone desligado, você veio descobrir o som da minha campainha. Veio e ficou sentado no sofá lendo o jornal da semana passada — o último do pacote de assinatura. Por ora, não tenho mais cômodos para ir para evitar te olhar e ter de confessar o que vem me acontecendo. Eu poderia até dizer que, na verdade, também não sei. Mas, eu sei que se começar a falar, descobriremos alguma coisa, um motivo de nos botar pra baixo. Sei também que se eu te contar um pouco do muito que sinto, vou te inundar comigo, transbordaremos.

Fugir de você é fugir de mim, por isso, quando me acalmo, eu posso te dizer: obrigada por ter vindo.

Eu vou me sentar ao seu lado, outra vez em silêncio, e farei minhas preces: eu quero que perdoe meus anseios de me afastar. Quero que entenda o quanto duas pessoas para mim já parecem multidão, e o quanto outras vidas alheias à minha me sufocam. E quero, se não for pedir muito, que continue ficando por perto. É você quem tem me salvado.

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