julho 13, 2016

Adeus para quem não me faz mais bem

    Na semana passada eu não pude calcular quanto tempo levaria para tomar coragem. Quatro dias atrás ainda não me cabia a ideia de dar um basta ao que já não me bastava mais nada. Ontem mesmo eu tive receios, quase fingi [de novo] que estava tudo bem, disfarçando a mim mesma as dores no corpo inteiro por excesso de estresse.

    Quando começamos, você me fazia feliz. Me roubava risos com uma facilidade dada como dom, não precisava mais do que uma piada curta ou um trocadilho improvisado, eu ria. E foi preciso que eu chorasse por dias seguidos para perceber, tempos depois, que não havia mais nenhum motivo restante entre nós. Depois de tantas brigas [aparecidas aos poucos, sorrateiras], das discussões dentro do carro e dos portões batendo, depois de tudo eu desconhecia sua graça, meu humor, nossa alegria. O que éramos a princípio ficou distante demais do que nos tornamos agora.

    O quanto levou para eu notar sua mudança, tão quanto a mudança dos meus olhos ao te ver – sem nenhum brilho como era, não há nada que recomponha.

    Custa muito para aguentar firme os problemas que começam a aparecer incessantes dentro de casa, mas custa muito mais para deixá-los para trás depois de perceber que não são obrigatoriamente seus. E eu precisei tolerar mais um bocado de gritarias, mais um tanto de decepções, de todas essas coisas que eu não poderia contar a ninguém que não fosse eu mesma [apenas para descobrir que a realidade bate à porta sem que a queira]. Precisei aguentar até hoje para não ter outra escapatória senão partir. Partir à pé, partir a relação, partir os laços e os nós, partilhar da minha companhia para não precisar de mais ninguém, tampouco de você.

     Porque hoje o que eu dei a mim foi a liberdade. Para não dizer que dinheiro não a compra, digo que comprei esse bloco de notas, essa caneta, mas o que escrevo é sem preço. De resto, me basta o amanhã sem você por perto para pagar cada palavra gasta. O que escrevo é adeus. Nessa casa não fico, com você não fico, onde meu mal é causado não é meu lugar.

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